Com os 64 corpos colocados em praça pública, número de mortos na Operação chega a 128
Cena de guerra choca o Rio de Janeiro no dia seguinte à operação policial mais letal da história do estado; número de vítimas pode ser ainda maior do que o divulgado oficialmente
29/10/2025 11:05
A manhã desta quarta-feira (29) no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, foi marcada por um cenário desolador. Moradores da comunidade transportaram dezenas de corpos para a Praça São Lucas, um dia após a região ter sido palco da operação policial mais letal já registrada no estado. As vítimas, segundo relatos, foram encontradas em uma área de mata na Serra da Misericórdia, local de intensos confrontos na véspera.

A Operação Contenção foi deflagrada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, com o objetivo de cumprir mandados de prisão contra membros de uma facção criminosa. O balanço oficial divulgado pelo governo estadual aponta para 64 mortes, incluindo quatro policiais. No entanto, ainda não há confirmação se os corpos levados para a praça estão incluídos nesta contagem, o que pode elevar drasticamente o número total de vítimas da operação.
Durante a madrugada e o início da manhã, os próprios moradores realizaram a retirada dos corpos da mata, utilizando caminhonetes e outros meios improvisados para levá-los até a praça. No local, uma longa fileira de corpos, cobertos por lonas e lençóis, foi formada, enquanto familiares e amigos se aproximavam em busca de informações e para a difícil tarefa de reconhecimento. A atmosfera era de profundo silêncio e consternação, contrastando com o som de tiros e explosões que dominaram a região no dia anterior.
Ativistas e lideranças comunitárias que acompanham a situação denunciam o que classificam como um “massacre”. A pedido dos familiares, os corpos foram exibidos à imprensa antes de serem novamente cobertos, como forma de registrar a violência do ocorrido. A comunidade agora aguarda a chegada do Instituto Médico-Legal (IML) para a remoção e identificação oficial das vítimas.
A megaoperação, que mobilizou cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, resultou também na prisão de 81 pessoas e na apreensão de 42 fuzis. O episódio gerou uma crise na segurança pública do Rio, levando a interdições de vias importantes e impactando o transporte público. A cidade chegou a entrar em estágio de “risco de ocorrência de alto impacto”. Em resposta à crise, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência com ministros para discutir a situação da segurança no Rio de Janeiro.

